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A Inocência

A inocência não é aquela velha cozinheira de pele negra, que habitava uma das muitas histórias que eu li durante a vida; a inocência a que me refiro é aquela outra maravilha que habita outras almas simples, onde as maldades do mundo humano ainda não fizeram ninho. Estava eu por aqui, escrevendo um texto que tem por título “Exemplos”, quando fui interrompido pelo neto mais novo, André, um menino muito vivo, inteligente e estudioso, que aos quase oito anos de idade, é dotado de uma adorável inocência. Ele me interrompe, para me presentear com uma nota de cem reais não original, que tem no verso uma propaganda qualquer. Entrei na brincadeira, coloquei a nota na minha agenda, agradeci com um beijo, com um abraço apertado e ele saiu daqui feliz da vida, por ter engabelado o vovô. Ao passar pela cozinha, ele conta a façanha para a mãe que, com certeza ouvira tudo e acaba dando o troco a ele: -Meu filho, seu avô acreditou e amanhã é capaz de ir até a vendinha fazer compras

Pandemônio

Aproveitando a pandemia, o lado obscuro da humanidade estabelece o pandemônio, como forma de desequilibrar totalmente o emocional já fragilizado da maioria da população brasileira. Vindas através da imprensa, das redes anti-sociais e das pessoas desavisadas, as notícias são cada vez mais polêmicas e as discussões sem-fim conduzem a um estágio de total perdição dos sentidos e da noção entre o que está certo e o que está errado. O circo de horrores está armado! Quem pode, deve ficar em casa e evitar procurar chifre em cabeça de cavalo; não custa tanto. Leia mais (jornais não!), ouça mais música, converse sobre coisas alegres, dê atenção aos que estão na mesma condição (aproveite da melhor forma a facilidade de comunicação eletrônica). Medite um pouco; reveja seus passos através da vida, busque as lembranças alegres, os rostos sorridentes que estão em sua memória e deixe que essas imagens conduzam e amenizem esse enclausuramento temporário. Carlos Gama. 07/04/

O Resultado da Eleição

Basta caminhar pelas ruas de nossa cidade com um mínimo de atenção ao que nos rodeia e descobriremos o porquê de tantos escândalos, de tantas mazelas na administração da coisa pública, por todo o país. Os cidadãos vão se tornando minoria e os indivíduos - aqueles que determinam comportamentos, que elegem quase todos os representantes populares – alastram-se em progressão geométrica. Caminhando com atenção, pode-se ver num domingo - dia dos pais ou não - logo após o almoço, as lixeiras, pelas ruas da cidade, repletas do lixo que só será recolhido no dia seguinte, à noite. Parado, aguardando o sinal liberar a travessia dos pedestres, observa-se quantos jovens ou não tão jovens vão atravessando na carreira, com sinal vermelho, colocando a vida em risco e pondo em xeque a liberdade de muitos condutores de veículos. Quando o sinal se abrir para a travessia dos pedestres prossigamos bem atentos, porque não é incomum ver motoristas, motociclistas e, principalmente, ciclistas desresp

Conversando com seu Raimundo

(Para inaugurar este espaço, escolhi um texto antigo, escrito em 2001, mas que infelizmente continua refletindo o momento atual. Escolhi-o especialmente para relembrar esse velho amigo que já deixou o mundo da matéria e cuja ausência me traz saudades). Hoje, domingo, dia de visita ao asilo, aos meus amigos e irmãos de caminhada. A pergunta usual de meu amigo Raimundo: Alguma novidade? Essa pergunta natural de todos os dias de visita, duas vezes por semana ocorre porque ele espera que eu consiga resolver a contento, alguns problemas de ordem material que parecem "encantados". Como não havia novidades, acabam as nossas conversas enveredando pelos caminhos que nos agradam, aos dois. Já nem sei se, "agradam" seria o termo correto. Política não pode agradar a ninguém que tenha um pouco de bom senso, mas, digamos que nos agrada discutir e analisar os meandros comuns e escuros dessa atividade. Nessa escuridão, encontramos o assunto para a conversa de hoje: Em